quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O bife do lombo supersticioso

Fosse qual fosse a ocorrência, desde que saísse da rotina habitual, era sempre tomada como um sinal fatídico por um certo bife do lombo. É que ele era muito, mas mesmo muito supersticioso.
Se lhe passasse um gato preto pela frente, era certo que se benzeria sete vezes e sete vezes invocaria a protecção dos bons espíritos contra a desgraça que ameaçava cair-lhe em cima. Mas o mesmo aconteceria se o gato fosse cinzento, branco, amarelo ou malhado, tão supersticioso era este bife do lombo.
A sua vida era cheia de complexos rituais, rezas, invocações, promessas, peregrinações e outras manias e aberrações, tanto se encarniçava na luta contra o azar.
E assim queimou os seus melhores anos. Não casou, não teve filhos, não plantou nenhuma árvore, nem escreveu nenhum livro. Acabou, como muitos outros bifes do lombo, rilhado por um conviva voraz, numa boda de casamento.

Sem comentários:

Enviar um comentário