terça-feira, 17 de outubro de 2017

Ordenamento

A julgar pelo que se ouve por aí, para além do tal ordenamento florestal, o país precisa também de algum «ordenamento mental».

Chiu! (2)

- Olha lá, também vais à manifestação?
- Chiu!
- Já me calei.

Chiu!

Pensou ir à «manifestação silenciosa»,
mas quando andava com gases
era pior que uma buzina de camião.

Censura

A saCristas conjugando argumentos
para a moção de censura:
- Eu calipto, tu caliptas, ele calipta...

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Demissão

- Demitam a ministra! - berrava o bode "espiatório" -. Aplaquemos os deuses com um sacrifício político. O resto, é deixar arder...

sábado, 14 de outubro de 2017

Sexta 13

Ontem foi sexta 13 e não dei por nenhuma bruxa a circular de vassoura. Já de carro...

Pedro e o... Diabo

Pedro profetizava a vinda do Demo, mas a este não lhe apetecia vir.
Farto de ser invocado em vão, o Diabo carregou com Pedro.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Pão pão

- Quero um pão, se faz favor.
- Quer um destes? Ou um destes? Ou destes... Temos 37 variedades.
- Não, só quero um pão.

Ó Nesco!

- Alô? É só pa dezer que me derrisquem dessa coisa da ónesco, ó lá uquié. Sisso num presta pós camones, tamém num quero. Óbrigadinho.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Terrorismo intestinal

Comprou repolho, feijão, cebolas e ovos.
Preparava-se para um atentado com gás letal
depois do jantar.

Pesadelo


Eu ia sozinho pela estrada, a ver o estrago provocado por aquele fenómeno estranho. Tudo começara com um estrépito no céu estrelado. O dano era estremo. Um turbilhão estrídulo deixara o mato estrinçado, as aves estripadas, as árvores estroncadas, os bichos estropiados. Que fora aquilo?
Até que o vi. Um grifo, rindo cavernosamente como riem todas as bestas mitológicas.
Apavorado, gritei:
- Vai-te! És um estronço sem estrutura, um verdadeiro estrupício cheirando a estrume.
E a seguir acordei.

Cornada

Relatava a tourada para a rádio quando foi colhido
por uma vaca tresmalhada.
- Coitado, até era um «cornista» simpático...

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Nativo digital

Mandou tatuar todo o corpo com zeros e uns.
Não percebia peva de computadores, mas agora
sentia-se um verdadeiro «nativo digital».

A bebida

Era a primeira vez que bebia aquilo.
Pouco depois, declarava:
- Acho que não me absinto bem!

Estudos «científicos»

De acordo com um estudo do famoso cientista I. N. Sone,
«quando não se consegue dormir, fica-se com sono».

(Já antes o seu colega «F. A. Meentaw» tinha concluído noutro estudo que
«quando não se come, fica-se com fome».)

domingo, 8 de outubro de 2017

«Dezentendimento»

- Ontem há noite adurei e tu gostas-te? - teclou ele.
- Sim, gosto-me. Adeus! - concluiu ela.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Efeméride

Também ele celebrou o Dia do Animal.
Não tinha cão nem gato, mas tinha piolhos.

sábado, 30 de setembro de 2017

Queixa do doente intermitente


Ai doutor, que terei eu,
Que me sinto intermitente:
Ora acordo com vigor
Ora me ponho dormente;
Ora me assola a febre
Ora gelo de repente;
Ora me dá o fastio
Ora como avidamente;
Ora me invade a tristeza
Ora pulo de contente;
Ora perco a paciência
Ora fico benevolente;
Ora me interesso por tudo
Ora tudo me é indiferente.
Diga-me lá, por favor,
Sendo médico experiente,
Isto é moléstia incurável
Ou acontece a toda a gente?

Reflexão

Olhou para o espelho
na véspera das eleições.
Viu que estava demasiado lixado
para outras reflexões.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O 'boto' do galo

«No dia 1, bou botar! E tu?»
disse a galinha ao galo de Barcelos.
«Eu, só se for um de loiça», gargalhou ele.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Ideias de...

Era um tipo sempre cheeeeio de ideias.
Mas depois ia à casa de banho
e aquilo passava-lhe.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Percevejos

Passou a noite em Lisboa.
Revistou a cama, à cata de percevejos.
Aliviado, concluiu:
- Ufa! Não percevi nenhum!

domingo, 24 de setembro de 2017

Virilidade

As autárquicas estão a ficar muito «viris».
Uns oferecem chouriços, outros... tomates.

Contraceptivo

Será que alguns candidatos
estão a oferecer preservativos
para que os seus eleitores
não emprenhem pelos ouvidos?

sábado, 23 de setembro de 2017

O candidato

O Chóriço quer candidatar-se à Junta lá da terra pelo partido das setinhas.
- Ó pá, não pode ser... - recusou o presidente da concelhia.
- Nã pode pruquê?
- Com um nome desses?
- Eu ache qu'o nome é uma vantage. Em vez dum otoclante, ofrecia um chóriço a cada pessoa. Olhó outro... aquele de Braga.
- Não. Nem assim.
- Ai não? Atão e se for assado?

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Em campanha

Ilustração de Kaine Lacerda
As comitivas das duas listas concorrentes à associação de estudantes do colégio feminino cruzam-se num corredor. Um encontrão incendeia os ânimos. Começam as provocações. Esgotando-se os argumentos, vêm os insultos, que sobem de tom e baixam de nível.
- Sua esta, sua aquela!
- Isso és tu e a tua mãezinha!
Até que surge o maior ultraje, a ofensa suprema:
- Sabes o que és, sabes?
- Não, mas tu vais dizer-mo, não é?
- Vou. És uma grandessíssima filha da… po-lí-ti-ca!

Caça ao voto

Carregou a cartucheira com esferográficas,
calendários, porta-chaves... 
- Onde vais? - perguntou a mulher.
- Vou caçar votos!

cão-panha

Ladram os cães, atrás da caravana partidária.
Diz alguém: - Aqueles andam em cão-panha!

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O desatino de Vermelhusca


Vermelhusca foi levar uma bucha à avó enferma. Ignorando as advertências da mãe, deambulou pela mata. Apareceu-lhe um lobo de falinhas mansas e ajustaram uma corrida.
Em três tempos, o bicho alcançou a casa da velha. Atemorizada, a senhora encafuou-se no guarda-fatos. Com artes de transformista, o carnívoro aninhou-se na cama dela.
Ao chegar, Vermelhusca desatinou com aqueles preparos: era tudo em grande, sobretudo os dentes...
Acudiram uns lenhadores, que escorraçaram a fera, salvando avó e neta.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O que não tem remédio...


O problema era bicudo.
Não achando solução,
ela optou por um solucinho.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Hortugrafia

«Nao! - respondeu o candidato a escritor. -
Nao sao errus hortugraficos, é iscrita queriativa. Daaaa...».

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O consorte

Quando descobriu que a noiva,
escolhida pelo rei seu pai,
era bela e inteligente,
ele percebeu que era
um príncipe com sorte!

sábado, 16 de setembro de 2017

Os passarinhos

Estão dois passarinhos pousados numa árvore
e diz um para o outro:
- Olha, sabes que mais? Vou mudar de ramo!

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Notícias falsas

Dedicava-se à criação de «fake news».
Era um dos tais que dizem «inventos»
em vez de «eventos».

segunda-feira, 31 de julho de 2017

A senhora pequenina


Tradução e adaptação de Carlos Alberto Silva de um antigo conto infantil inglês (de fantasmas). A capa apresentada é apenas umas das muitas versões da história.

Era uma vez uma senhora pequenina que morava numa casa pequenina numa aldeia pequenina. Um dia, a senhora pequenina vestiu o seu casaco pequenino e saiu da sua casa pequenina para fazer uma caminhada pequenina.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

A lagarta e as cerejas

Uma lagarta de Rhagoletis Cerasi nasceu, como seria de esperar, dentro de uma cereja. Assim que saiu do ovo, começou logo a dizer mal da sua vida:
- Que raio de cereja onde eu havia de nascer, tão azeda e descorada, que pior não há-de haver.
Descontente com a sua sorte, decidiu buscar outra morada.
Arrastando-se, arrastando-se, procurou uma cereja mais a seu gosto. Assim que se instalou, começou de novo a reclamar:
- Que raio de cereja havia eu de escolher, neste canto onde o sol não chega. Aqui, morrerei de frio.
E arrastando-se, arrastando-se, procurou outra cereja mais o seu gosto.

domingo, 2 de julho de 2017

A laranjeira do Ogre

O Ogre da Cornualha plantou no seu jardim uma laranjeira. Durante vários anos, nunca frutificou, embora ele cuidasse dela com todo o esmero.
Até que, finalmente, ao sétimo ano, vingou uma laranja. Quando esta amadureceu, o Ogre saboreou-a, deliciado, e desistiu da ideia de arrancar a laranjeira.
Ao oitavo ano, a árvore deu quatro laranjas. Ao nono, deu oito.
- Está a progredir! - exultou o Ogre.
No entanto, ao décimo ano, a laranjeira deu apenas três... pintassilgos.

sábado, 1 de julho de 2017

O dilema do extraterrestre



Zhlarg conduziu a astronave em direcção ao seu objectivo. A missão que lhe fora incumbida pela Confederação Intergaláctica era clara: desparasitar o único planeta habitável do sector VLS9. No porão na nave vinha, pronto a ser usado, o dispositivo de eliminação selectiva.
Quase a chegar, fez um giro de reconhecimento pela zona iluminada do pequeno satélite inerte e vociferou:
- Raios os partam, já arranjaram maneira de vir para aqui também, estragar... Tenho de pôr cobro a isto!
Rumou então em direcção à grande esfera azulada.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

O peido

A audiência estava ao rubro. A abertura do concerto estivera a cargo da banda de covers «Deep Purple Throat». Era agora a vez da tão ansiada actuação dos «Intestinal Scream», iniciadores do «Gut Metal Rock».
Quando o vocalista, maquilhado a rigor, entrou em cena, o público aplaudiu-o calorosamente.
Imóvel, no meio do palco, o cantor levantou os braços. Fez-se silêncio. Foi então que anunciou que iria fazer um statement.
O baterista rufou a percussão e fez tinir os pratos. O solista dedilhou um intrincado arpejo na guitarra eléctrica. E o baixista arrancou um longo mugido do seu instrumento.

A casa (des)assombrada




Tinha fama de assombrada. À noite, as pessoas passavam ao largo, receosas. Diziam que se viam, lá dentro, luzes estranhas e se ouviam ruídos tenebrosos.
Situada perto do caminho-de-ferro, estava rodeada por um denso matagal. A pátina do tempo fazia-a parecer, cada vez mais, soturna e decadente. Não obstante, as paredes e o telhado continuavam íntegros e firmes.
Dizia-se que pertencera a uma família distinta a quem um acidente trágico dera sumiço. No entanto, não havia quem se lembrasse do nome deles, quem eram ou o que faziam.

terça-feira, 27 de junho de 2017

No bosque de Pã


Os eventos daquela manhã prenunciavam mais um dia miserável. Para começar, o carro deu o berro à porta de casa. Resignado a tomar o autocarro, percorreu a contragosto o caminho até à paragem mais próxima. Não chegou a tempo e o seguinte só passaria daí a uma hora, tarde demais Para piorar, começou a cair uma chuva miudinha, insistente. Não trouxera guarda-chuva e sentia a humidade a repassar-lhe os ossos.
Decidiu meter os pés ao caminho e tomar um atalho através do parque. A terra amolecida cedia debaixo dos sapatos, conforme se ia embrenhando entre as árvores. Entregue a si própria, aquela massa vegetal era mais um bosque selvagem que um parque. Mas isso não o preocupava, era território conhecido. Por ali, ganharia, pelo menos, meia hora. Talvez conseguisse chegar a tempo.